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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Educação Física em Alegrete

Uma Pequena História sobre Educação e Educação do Corpo em Alegrete

Em Alegrete não acharemos nada relacionado a educação do corpo através de aulas específicas para essa finalidade no século XIX, o que podemos encontrar é por volta de 1830 um professor chamado Linbrindo Nunes que, desde este ano dedicava se ao ensino das primeiras noções de leitura, escrita e cálculos, não havendo referência com atividades práticas de ginásticas. Continuando em 14/06/1882 no governo de José Leandro de Godoy Vasconcelos, apareceram 02 planos de distribuição das aulas publicas de instrução primária: Uma para alunos do sexo masculino e outra para o sexo feminino.

Quadro 01-Plano para o sexo Feminino

Comarca

Municipio

Freguesia

Localidade

Alegrete

Alegrete

Nossa Senhora de Aparecida

1ª Cadeira-Cidade

Quarahy

São João Batista

Quadro 02-Plano para o sexo Masculino

Comarca

Municipio

Freguesia

Localidade

Alegrete

Alegrete

Nossa Senhora de Aparecida

-1ª cadeira-cidade

-2ª cadeira 2º distrito para ser controlada

-3ª cadeira 5º distrito

-1ª cadeira cidade mista

Continuando assim a regração do sistema de ensino sem falar sobre ginástica ou educação do físico, separando por sexo as aulas e continuando como primeiro plano a leitura, escrita e aritmética.

Mas a partir de 1913 com a criação do colégio Elementar tendo como decreto o de número 1935 de 05/02/1913, mas com o referido colégio tendo começando o seu funcionamento só em 1916 por causa da falta de verba e local próprio para instalação, podemos verificar nos documentos que começa então um movimento em Alegrete para a prática de ginástica como era denominada as atividades físicas nas escolas. Por conseguinte em 20 de setembro de 1916 foi apresentado o relatório de 1915, que dizia o seguinte: Ministravam no colégio Elementar o seguinte programa: Português, Aritmética, Geografia, Álgebra, História, Geometria, Ciência Física e Naturais, Escrituração Mercantil e Trabalhos Manuais, Ginástica, Música, Desenho, Exercícios Militares. Continuando o relatório há citações que acontece a prática de exercícios físicos regulamentar, mas também em alguns momentos em abandono, mas esta atividade é erguida pelo esforço do Inspetor e sendo o próprio obscuro professor signatário destas linhas quem dirige até que o município possa mais proficientemente ampara-la. O sistema usado é o Dinamarquês do qual o Inspetor Escolar tem algumas noções. Este sistema conforme nos traz a sua prática é ligada à tendência de usufruir das atividades físicas para a pedagogia e também médica, mas concentrando se mais na questão de uma educação não escolar, mas do povo.

Em 05 de dezembro de 1917 consta no relatório de 1916 a 1917 que as aulas de Ginástica tem sido procurada com interesse, continuando a introdução da ginástica Sueca na cultura física do individuo, sendo que o canto e a ginástica nunca devem se separar. Este método tem como objetivo livrar o ser humano de doenças e vícios que o venham a acometer. Continuando o documento expõe que o recinto de algumas dessas aulas não se presta convenientemente para esse ensino, por outro lado há dificuldades em se obter uma pessoa habilitada para lecioná-la estando a instrução por hora a cargo do próprio Inspetor.

Os alunos, geralmente fazem com prazer os exercícios de ginástica, mas os professores não têm pendores para essa parte da Educação Física do individuo colegial, de sorte que muito se carece fazer para se instituir um curso regular dessa natureza.

Tem a inspetoria organizando agora, seis hinos-civico-escolares, cada qual contendo fáceis figuras de ginástica, adequada a própria letra desses hinos, figuras acompanhadas ritmicamente, às vezes, em momentos precisos. É um meio fácil de ensinar rudimentos de ginástica. Ainda não foram postos em prática porque se requer músicas heróicas para composições semelhantes, o que a inspetoria não obteve pronto.

Conforme a opinião de escritores, sobre a ginástica e suas aplicações na cultura física do individuo, o canto e a mesma nunca devem separar-se. Platão demonstrou no seu livro Estado e República a necessidade de aplicar o canto e a ginástica. Outros escritores também opinaram que o canto inspira aos ginastas o amor a pátria, as boas ações, e além disso, ordem, disciplina e elegância nos movimentos.

Na “Gymnastique et Moral” de Amoros se vê que o eminente professor procura inspirar os discípulos por meio de palavras, boas idéias e bons sentimentos, por meio de ritmo, os hábitos de precisão, a ordem da regularidade em todas as ações da vida. Contudo a inspetoria escolar procura introduzir a ginástica, regulada pelo canto, nas aulas municipais. Em 09 de novembro de 1917 o Colégio Elementar fecha por causa da Influenza Hespanhola, aprovando todos os seus alunos.

Em 1918 recebe agradecimento do Intendente pelo auxilio, pondo o edifício do Colégio a sua disposição para receber enfermos da epidemia reinante. A explanação deste colégio é importante porque é dele a primeira citação nos documentos oficiais sobre prática de atividades de ginástica. Como podemos ver em 25 de maio de 1919 a Educação Física continua a ser incentivada no Colégio Elementar primeiro pela diretora Serafina Sá e Silva e depois pela diretora Eudóxia Assumpção Almeida, a primeira chegou mandar construir um galpão de madeira para que as sessões se realizassem, e neste dia foram as primeiras aulas de ginástica.

Encontramos nos relatórios dos Intendentes que no dia 06 de abril de 1921 consta registrado que cada professora lecionou todas as disciplinas inclusive trabalhos manuais , gymnastica e música, por isso a circular nº 482 demonstrou que as professoras do Colégio Elementar foram as primeiras a lecionar trabalhos manuais desde 03 de maio de 1921. Em 06 de maio de 1921 a diretora reporta-se ao Intendente em um documento dizendo que a classe de analfabetos não tem gymnastica porque as aulas não comportam tanto aluno. O pátio, tanto no rigor do sol, como na inclemência do tempo, chuva e umidade não oferece condições.

Alguns anos adiante Oswaldo Aranha era prefeito, em 1927, estando ele de viagem verificamos que foi assinado pelo Senhor Tristão Ribeiro Neto o Acto nº 320 de 04 de maio de 1927, que era o Regulamento do Ensino e Programa das Escolas Municipais e constava no Capitulo VII, artigo 34 a lei que regulamentava a Educação que dizia assim: “A escola municipal será iminentemente educativa, visando o desenvolvimento integral e harmônico do corpo e espírito infantil”.

E especificamente relacionando com a Educação Física no artigo 35 encontra-se o seguinte “A Educação Física muscular e a dos sentidos se realiza por meio de gymnastica Sueca, jogos desportivos ou adestramento dos sentidos, está segundo o Sistema Montessouri”.

No acto 312 de 11 de abril de 1927 o Intendente concede o domínio útil o quadrilátero Norte da Praça 14 de julho (hoje colégio Oswaldo Aranha), fundamentando a ação da seguinte forma: “Considerando que a cultura física é a base das demais culturas e que a criação de uma praça de desportos trará suas vantagens à instrução pública, por isso que nela poderão os alunos das escolas municipais realizar seus exercícios físicos, necessários ao desenvolvimento moral e intelectual.

Em 1930 encontraremos nos Relatórios do governo de Freitas Valle a introdução das aulas de Educação Física onde o prefeito diz: “resolvo para incentivar a cultura física, tão necessária e que esta sendo compreendida pelo nosso povo, especializar uma professora, Dorothéa Pantaleão Trindade. Esta professora fez curso intensivo organizado pela diretora geral da Instrução Publica do Estado, mediante convenio celebrado entre a municipalidade e a Secretaria dos Negócios do Interior e do Exterior.

Uma vez instalado o ensino dessa disciplina, as aulas, inicialmente se desenvolverão em 03 grupos na cidade:

1) Canudos – 152 alunos;

2) Coxilha Seca – 124 alunos;

3) Centro – 152 alunos;

Consta também a contratação de um professor de Educação Física o senhor Hugo Muxfeldt para atender as aulas dos rapazes, havendo a divisão segundo documentos da época pelo número de alunos que participavam das referidas aulas.

Encontraremos nas páginas 18 e 19 o relato que as escolas Urbanas e Suburbanas ministram além das disciplinas intelectuais e morais, acurada Educação Física. Para isso foram distribuídas em 03 ajuntamentos. Cada grupo abrange uma das 03 sessões em que se dividiu a cidade. Os exercícios são executados em conjunto em cada ponto de junção. Servindo de praça de desportos para o primeiro a escola Modelo, para o segundo a Escola Dr. Francisco Carlos, estabelecimentos que possuem amplos pátios internos. O terceiro está localizada na Praça Julio de Castilhos, antigo DAER, na avenida Assis Brasil, sendo que periodicamente os grupos são reunidos todos para demonstração.

Nas páginas 28 e 29 aparece a formação da tropa de escoteiros, formada por elementos de todos os colégios da cidade, estaduais, particular e municipal. A tropa foi moldada pelas associações existentes no país, sendo instruída pelo professor Hugo Muxfeldt. Também em 1930 é criado o pelotão de saúde na Escola Modelo, comprometem-se a serem exemplos vivos de asseio e da ordem, assim servindo de padrão a seus colegas.

Na Semana da Raça em 12 de outubro de 1932 o município contribuiu para a materialização desse certame educacional agrupando as escolas urbanas e suburbanas em 3 núcleos, todos sob a direção de professores especializados nos assuntos de Educação Física.

O primeiro núcleo reuniu as escolas da zona sul da cidade, sob direção da professora Otilia Maciel Coelho, o segundo a zona central dirigido pela professora Maria Balduina Ribeiro Muxfeldt, o terceiro organizado no arrabalde Canudos, sob direção da professora Dorotea Trindade Pereira, alias todos obedecendo a diretriz geral traçada pelo professor Hugo Muxfeldt, que fidalgamente prestou assistência gratuita ao município.

No grande conjunto do dia 12 de outubro formaram todos os colégios municipais da cidade, emprestando, assim a essa solenidade cívica o realce que lhe apontou a crônica da imprensa.

A escola Modelo Lauro Dorneles, conquistou nos prélios desportivos a coroa de vice-campeã local, cabendo o titulo de campeã a equipe da escola Complementar.

Por esse resultado se poderá aquilatar o alto grau de cultura física atingido pelos educandários do município, cuja primazia nos certames atléticos só foi superada por uma escola secundária, com pessoal mais adestrado.

Quando o relator fala em ordem, disciplina e elegância nos movimentos se refere aos preceitos de comportamento, regulação dos movimentos onde todos são praticantes de uma atividade física que tem como objetivo intrínseco regular as ações dos indivíduos que acompanham, adestrando os para o convívio diário tanto no que se refere ao trabalho quanto a sua vida social.

Fazendo então uma analogia com outras aulas de Educação Física veremos no que se refere a ordem, disciplina e elegância também servindo como base nas aulas que são práticas hoje, e trazendo como exemplo o vôlei, o basquete, o futebol, onde existem regras, movimentos, que pressupõem ordem para regular as ações disciplinarmente e elegância nos movimentos. Veremos que intrinsecamente refere-se que todos têm que usar movimentos quase uniformes e se for de maneira diferente poderá incorrer em algum tipo de falta.

Notemos que nas aulas eram em praça pública e em grandes grupos de alunos as pessoas ficavam ordenadas com um guia à frente, que se localizava em um pedestal e tinha uma visão geral de todos os alunos, podendo assim vigiar e verificar se alguém não estava conforme a norma, executando com ordem, disciplina e elegância o exercício.

Contextualizando, veremos que agora com inúmeros esportes essa relação torna-se mais complexa e minuciosa, por estar nas pequenas relações, cada vez mais individualizado, nos pequenos grupos, embora pareçam grandes os coletivos veremos que comparados com as aulas de ginástica de 1930 são muito pequenas essas de agora, sendo o controle totalmente diferente do que exercitar em praça publica com 160 alunos ao mesmo tempo.

Bibliografia

_ Relatório apresentado ao Conselho Municipal de Alegrete em Sessão Ordinária de 20 de Setembro de 1930;

_ Relatório do Município de Alegrete apresentado ao Interventor Doutor José Antonio Freitas Valle do período de 1931 à 1933;

_ Relatório do Município de Alegrete do ano de 1915 apresentado pelo vice intendente Major Oscar do Prado Souza ao Conselho Municipal de Alegrete sessão ordinária de 20 de Setembro de 1916;

_ Relatório do Município de Alegrete de 1916 a 1917, apresentado pelo Intendente Major Oscar do Prado Souza ao Conselho Municipal de Alegrete; Sessão ordinária de 15 de Dezembro de 1917;

_ Relatório de Prestação de Contas ao Conselho Municipal do Intendente João Benicio da Silva de 20 de Janeiro de 1919;

_ Relatório de prestação de contas ao Conselho Municipal do Intendente João Benicio da Silva ao Conselho Municipal dos de 1916 à 1920;

_ Relatório de Oswaldo Aranha de 1926; O nova Regulamento do ensino; Livraria Coqueiro;