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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Educação Física como Processo Educacional Inclusivo

¹Gleidson Amaro Pereira Corrêa

² Kenzia da Silveira Wesp Corrêa

O homem desde os primórdios tem excluído de diversas

formas os deficientes, tanto os que necessitam de

melhores condições de vida social, quanto os que

apresentam alguma deficiência física ou mental.

Temos relatos que os índios sacrificavam seus filhos

que apresentavam alguma anomalia física ou psíquica,

relacionando esses seres humanos a algum ato maléfico

que a tribo houvesse feito.

Na Grécia as crianças eram jogadas de penhascos, quando

nasciam com alguma deformação, processando-se assim as

exclusões sociais. Conforme SOLER apud ROSADA (1999, p

32) No tocante aos indivíduos deficientes os

fundamentos éticos religiosos dos povos pré-cristãos

não permitiam uma valorização semelhante, pois os

portadores de moléstias, sobretudo os deficientes

físico-mentais congênitos, eram considerados

amaldiçoados pelos Deuses, sendo então segregados, ou

mesmo por muitos eliminados.

Contudo em pleno século XXI o homem continua excluindo,

hoje o ser humano exclui com a indiferença, não

sacrificando com a pena de morte, mas com o assassinato

social. Na maioria das vezes presenciamos a exclusão

social desde o nascimento, começando então no seio

familiar, ou melhor dizendo na primeira instituição

educadora esse processo de exclusão do ser humano que

hora nasce.

Muitas vezes os pais por sentimento de vergonha, ou por

achar que a criança pode ser descriminada, não aceitam

que essa criança interaja com outras ou com adultos,

escondendo-a em casa para que ninguém a veja. Também

existe muitas vezes por falta de preparo da mãe um

sentimento de repulsa pela criança ter nascido com

alguma deficiência, sendo muitas vezes por pré-conceito

da mãe ou de familiares que

certamente será absorvido pelo bebê, todo e qualquer sentimento experimentado. .

O sentimento de repulsa, de

amor ou afeto será de suma importância para o

fortalecimento do self . Perpassando por esses fatores verificamos que o homem tem que ser educado para que tenha uma convivência

harmoniosa com seus semelhantes e o mundo numa forma geral,

e para isso um dos locais onde devemos focar nossos

esforços é a escola. Esta instituição por abraçar

pessoas vindas de diversos meios da comunidade local,

tem como intuito intrínseco e fundamental educar o

homem para o seu desenvolvimento intelectual, mas acima

de tudo e primordialmente o desenvolvimento humano,

onde só através da convivência com os outros diferentes

é que saberá respeitar as diferenças individuais,

sejam elas quais forem. Mas nesse contexto entra o

trabalho importantíssimo do educador, sabendo utilizar

se de meios, métodos educacionais que servirão de

caminho para essa conquista. Sendo que para isso como

coloca TAFFAREL (1992, p26), cada educador tem que ter

bem claro qual projeto de homem que persegue, quais

interesses de classe que defende, quais valores, a

ética e a moral que elege para consolidar através de

sua prática e como articula suas aulas com esse projeto

maior de homem e de sociedade, para que não fique

vagando por métodos e práticas que só levam para

integração não proporcionando a inclusão dessas pessoas

com deficiências.

Sendo o que temos visto até hoje na nossa educação é um

educar para o trabalho, onde o sistema educacional é

um processo de seleção dos que se ajustam a esse meio

que visa a eficiência e a produtividade, onde não ser

eficiente é ser deixado de lado conforme SOLER, 1991.

Com suas metodologias tradicionais o professor como

vanguardista e sabedor do por vir pensa que esta

fazendo um bem para a humanidade, para aquele indivíduo

que hora educa, mas o que vemos é um ajustar se ao

sistema vigente, ao status quo, possibilitando a

perpetuação deste, sem mudança na sua estrutura e nas

relações interpessoais.

Penso que na Educação Física temos que utilizar métodos

pedagógicos que possibilitem a inclusão dos

alunos deficientes, para que todos, mas no amplo

sentido da palavra todos, conforme (WERNECK

2000), não querendo um todos de quem se ajeita nele,

mas um todos que alcance na sua plenitude todos os

seguimentos da sociedade, construindo uma consciência

de respeito mutuo, tendo assim a possibilidade de

crescermos juntos integralmente, respeitando se

mutuamente, convivendo com diferenças para que o

crescimento humano seja qualitativamente de grande

valia para toda a sociedade.

O lúdico na Educação Física Escolar tem um papel

importantíssimo, porque através do brincar que a

criança vivencia e constrói seu self. Se utilizarmos

brincadeiras de cunho competitivistas, onde prevalece

a “força a habilidade individual”, onde o conjunto é

deixado de lado, as habilidades só são desenvolvidas

daqueles que se destacam por já terem tido uma vivencia

anterior, assim não estaremos contribuindo para o

crescimento coletivo e o sentimento humano que nos

propomos mediarmos, para que coloquem agora e mais

tarde em pratica no grande grupo social.

Penso que utilizando brincadeiras lúdicas que

fortaleçam o sentimento de grupo, sendo essas

atividades um instrumento multifacetário, que

desenvolverá as qualidades físicas e habilidades

motoras intrinsecamente desses indivíduos, sendo

atividades essas também um meio de alcançarmos o

objetivo de construirmos coletivamente um ser humano

que saiba conviver e respeitar as diferenças inúmeras

que encontramos no mundo civilizados de poderemos ter

grande êxito. Citando, SOLER 1999, gostaria de

justificar o que foi colocado até o momento sobre a

importância do lúdico no processo de inclusão social

dos deficientes ou não no contexto escolar e social:

“A aula de Educação Física deve ser um exercício de

convivência, onde as pessoas aprenderão a construir uma

nova sociedade, sem descriminação e com atitudes de

solidariedade, respeito e aceitação, e na qual não

haverá lugar para pré-conceitos e a exclusão. O corpo

não é uma máquina como nos diz a ciência, nem uma culpa

como nos fez crer a religião, o corpo é uma festa,

segundo Eduardo Galeano apud Soler 1999.

Sabendo que todo esse processo é lento, com muitos

entraves colocados por pessoas que não acreditam mais

em sonhos, de uma sociedade mais humana onde todos

tenham o direito de serem gente, humanos, mas conforme

subjetivamente esses autores citados acima, temos que

acreditar, fazer com que através da educação e a

Educação Física nós possamos contribuir para que a

educação seja mais uma a contribuir para melhorarmos o

mundo em que vivemos.
1. Professor de Educação Física do Município de Alegrete - Graduação Plena em Educação Física e Especialista em psicopedagogia Social;
2. Professora de Educação Física do Município de Alegrete - Graduação Plena em Educação Física e Especializanda em Educação Física Escolar e Treinamento;

Um comentário:

  1. Este texto é interesante por vários motivos, destaco o fato de que o senso comum muitas vezes em nossa região faz apologia ao passado sem saber como relmente ele foi. O passado foi tão complexo e contraditório como é o presente. O "Bom Selvagem" de Rousseau nunca existiu. O que não significa que sejamos melhores que os nativos habitantes da América. A utopia esta na frente, nossos sonhos e ideias ainda nunca existiram. Definitivamente não devemos nos espelhar no passado, pois este é de exclusão, dominio, exploração e injustiças.

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