¹Gleidson Amaro Pereira Corrêa
² Kenzia da Silveira Wesp Corrêa
O homem desde os primórdios tem excluído de diversas
formas os deficientes, tanto os que necessitam de
melhores condições de vida social, quanto os que
apresentam alguma deficiência física ou mental.
Temos relatos que os índios sacrificavam seus filhos
que apresentavam alguma anomalia física ou psíquica,
relacionando esses seres humanos a algum ato maléfico
que a tribo houvesse feito.
Na Grécia as crianças eram jogadas de penhascos, quando
nasciam com alguma deformação, processando-se assim as
exclusões sociais. Conforme SOLER apud ROSADA (1999, p
32) No tocante aos indivíduos deficientes os
fundamentos éticos religiosos dos povos pré-cristãos
não permitiam uma valorização semelhante, pois os
portadores de moléstias, sobretudo os deficientes
físico-mentais congênitos, eram considerados
amaldiçoados pelos Deuses, sendo então segregados, ou
mesmo por muitos eliminados.
Contudo em pleno século XXI o homem continua excluindo,
hoje o ser humano exclui com a indiferença, não
sacrificando com a pena de morte, mas com o assassinato
social. Na maioria das vezes presenciamos a exclusão
social desde o nascimento, começando então no seio
familiar, ou melhor dizendo na primeira instituição
educadora esse processo de exclusão do ser humano que
hora nasce.
Muitas vezes os pais por sentimento de vergonha, ou por
achar que a criança pode ser descriminada, não aceitam
que essa criança interaja com outras ou com adultos,
escondendo-a em casa para que ninguém a veja. Também
existe muitas vezes por falta de preparo da mãe um
sentimento de repulsa pela criança ter nascido com
alguma deficiência, sendo muitas vezes por pré-conceito
da mãe ou de familiares que
certamente será absorvido pelo bebê, todo e qualquer sentimento experimentado. .
O sentimento de repulsa, de
amor ou afeto será de suma importância para o
fortalecimento do self . Perpassando por esses fatores verificamos que o homem tem que ser educado para que tenha uma convivência
harmoniosa com seus semelhantes e o mundo numa forma geral,
e para isso um dos locais onde devemos focar nossos
esforços é a escola. Esta instituição por abraçar
pessoas vindas de diversos meios da comunidade local,
tem como intuito intrínseco e fundamental educar o
homem para o seu desenvolvimento intelectual, mas acima
de tudo e primordialmente o desenvolvimento humano,
onde só através da convivência com os outros diferentes
é que saberá respeitar as diferenças individuais,
sejam elas quais forem. Mas nesse contexto entra o
trabalho importantíssimo do educador, sabendo utilizar
se de meios, métodos educacionais que servirão de
caminho para essa conquista. Sendo que para isso como
coloca TAFFAREL (1992, p26), cada educador tem que ter
bem claro qual projeto de homem que persegue, quais
interesses de classe que defende, quais valores, a
ética e a moral que elege para consolidar através de
sua prática e como articula suas aulas com esse projeto
maior de homem e de sociedade, para que não fique
vagando por métodos e práticas que só levam para
integração não proporcionando a inclusão dessas pessoas
com deficiências.
Sendo o que temos visto até hoje na nossa educação é um
educar para o trabalho, onde o sistema educacional é
um processo de seleção dos que se ajustam a esse meio
que visa a eficiência e a produtividade, onde não ser
eficiente é ser deixado de lado conforme SOLER, 1991.
Com suas metodologias tradicionais o professor como
vanguardista e sabedor do por vir pensa que esta
fazendo um bem para a humanidade, para aquele indivíduo
que hora educa, mas o que vemos é um ajustar se ao
sistema vigente, ao status quo, possibilitando a
perpetuação deste, sem mudança na sua estrutura e nas
relações interpessoais.
Penso que na Educação Física temos que utilizar métodos
pedagógicos que possibilitem a inclusão dos
alunos deficientes, para que todos, mas no amplo
sentido da palavra todos, conforme (WERNECK
2000), não querendo um todos de quem se ajeita nele,
mas um todos que alcance na sua plenitude todos os
seguimentos da sociedade, construindo uma consciência
de respeito mutuo, tendo assim a possibilidade de
crescermos juntos integralmente, respeitando se
mutuamente, convivendo com diferenças para que o
crescimento humano seja qualitativamente de grande
valia para toda a sociedade.
O lúdico na Educação Física Escolar tem um papel
importantíssimo, porque através do brincar que a
criança vivencia e constrói seu self. Se utilizarmos
brincadeiras de cunho competitivistas, onde prevalece
a “força a habilidade individual”, onde o conjunto é
deixado de lado, as habilidades só são desenvolvidas
daqueles que se destacam por já terem tido uma vivencia
anterior, assim não estaremos contribuindo para o
crescimento coletivo e o sentimento humano que nos
propomos mediarmos, para que coloquem agora e mais
tarde em pratica no grande grupo social.
Penso que utilizando brincadeiras lúdicas que
fortaleçam o sentimento de grupo, sendo essas
atividades um instrumento multifacetário, que
desenvolverá as qualidades físicas e habilidades
motoras intrinsecamente desses indivíduos, sendo
atividades essas também um meio de alcançarmos o
objetivo de construirmos coletivamente um ser humano
que saiba conviver e respeitar as diferenças inúmeras
que encontramos no mundo civilizados de poderemos ter
grande êxito. Citando, SOLER 1999, gostaria de
justificar o que foi colocado até o momento sobre a
importância do lúdico no processo de inclusão social
dos deficientes ou não no contexto escolar e social:
“A aula de Educação Física deve ser um exercício de
convivência, onde as pessoas aprenderão a construir uma
nova sociedade, sem descriminação e com atitudes de
solidariedade, respeito e aceitação, e na qual não
haverá lugar para pré-conceitos e a exclusão. O corpo
não é uma máquina como nos diz a ciência, nem uma culpa
como nos fez crer a religião, o corpo é uma festa,
segundo Eduardo Galeano apud Soler 1999.
Sabendo que todo esse processo é lento, com muitos
entraves colocados por pessoas que não acreditam mais
em sonhos, de uma sociedade mais humana onde todos
tenham o direito de serem gente, humanos, mas conforme
subjetivamente esses autores citados acima, temos que
acreditar, fazer com que através da educação e a
Educação Física nós possamos contribuir para que a
educação seja mais uma a contribuir para melhorarmos o
mundo em que vivemos.
1. Professor de Educação Física do Município de Alegrete - Graduação Plena em Educação Física e Especialista em psicopedagogia Social;
2. Professora de Educação Física do Município de Alegrete - Graduação Plena em Educação Física e Especializanda em Educação Física Escolar e Treinamento;
Este texto é interesante por vários motivos, destaco o fato de que o senso comum muitas vezes em nossa região faz apologia ao passado sem saber como relmente ele foi. O passado foi tão complexo e contraditório como é o presente. O "Bom Selvagem" de Rousseau nunca existiu. O que não significa que sejamos melhores que os nativos habitantes da América. A utopia esta na frente, nossos sonhos e ideias ainda nunca existiram. Definitivamente não devemos nos espelhar no passado, pois este é de exclusão, dominio, exploração e injustiças.
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